Do alto de seus ombros eu sentia seu ofegar e as passadas
fortes. Lá do alto eu pensava “como ele pode me carregar assim? Não se cansa?”.
Passei muitos dos meus dias olhando para aquele homem forte,
voltando para casa com caixas nos ombros. Cestas básicas, quilos de alimento,
botijões de gás. Passei muitos dos meus dias ouvindo atentamente seus conselhos
e suas histórias de superação.
Ele veio de longe ainda jovem para tentar a vida e gerar
futuro. Veio com a força que adquiriu nos longos dias no campo, sua força bruta
adquirida na sofrida infância. Sua implacável força de vontade e fé o levaram
para longe. Desde o casebre modesto até a casa grande que construiu
praticamente sozinho no mesmo terreno. Desde suas longas jornadas de bicicleta
até os carros que comprava com as economias. Desde um jovem sonhador cansado de
sofrer, a pai de família.
Eu o via em seu quarto pensativo, sentindo suas feridas e
preocupado com as contas a pagar. Seu lápis impecavelmente corrido sobre um
pedaço qualquer de papel não deixava escapar um número sequer. Mas ele era mais
forte que a dificuldade. Poderia passar fome para alimentar os filhos.
Sua experiência o deu bagagem ao logos dos anos e
conhecimentos diversos. Eu não saberia fazer a metade do que ele é capaz e
sinto ter muito menos força. Eu o deveria superar, mas em muito já fiquei para
trás. O que quero guardar é essa força e essa fé. Disso eu quero crer que puxei
e com a graça de Deus farei ressurgi-la em mim sempre que puder.
A esse homem forte e dedico este texto modesto. Ao meu pai
que andou milhas para me lançar aonde estou. Que o Pai soberano o abençoe! Obrigado Pai!
(Dedicado à Silvânio Alves Faria. Espero que ele goste...)
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