terça-feira, 31 de maio de 2011

Canções no beco

Seus olhos marejados nos olhavam com carência. Ela estava sentada a um meio-fio cantando as suas canções preferidas. Uma lata de cerveja em uma mão, um cigarro em outra, e louvores em sua boca.

A sua voz, unia-se a nossa, que se uniam por sua vez, ao som do violão naquela madrugada. As canções invadiam o beco despertando o agir do Espírito, vivificando, ressuscitando cada memória.

Ela abria seu coração para nós a nos contar a falta que faziam as canções, e o Senhor que as inspirava. Mas naquele momento, o Deus das canções se fez presente não apenas nos sons, mas também em fala. Manifestou-se o Senhor em palavras de esperança. A esperança então reascendeu e as lágrimas rolaram.

Enquanto ela contava sobre sua vida, nós ouvíamos, cantávamos, falávamos a outros que por ali passavam. Uma destas outras ainda nos disse: “Saiam daqui, este lugar não é para vocês”. Refutei-me: “Não, estamos no lugar certo. Jesus nos trouxe aqui, porque deveríamos estar aqui”.

Jesus veio para esta gente. Esta gente que parece não ter mais jeito. Veio para os necessitados. Cristo andou por entre os becos em busca daqueles que ainda lembravam-se das antigas canções. Ele ainda o faz por meio de nós, sua igreja. Não a igreja, construção de pedra ou madeira, mas sim por meio de nós, Igreja edificada sobre carne, osso e alma. Alma redimida, que entoa a canção do céu. Entoe esta canção, a canção da salvação por onde você passar. Quando o fizer, será a doce voz de Jesus que se faz ouvir nas trevas e resplandece a sua luz para esta gente. Esta gente que precisa de nós.