quinta-feira, 13 de maio de 2010

Transeuntes

É uma palavra nova que aprendi esses dias. Legal né? Diferente... Estranha... Por definição: Que ou quem passa por lugar ou rua, ou aquilo ou aquele que é passageiro, não dura. O uso dela veio a ser útil para este texto que já estava em mente para compartilhar com você.

Eles estavam naquele terminal frio, naquele início de noite. Quietos, porém não passaram desapercebidos. Interessante como não havia quem não olhasse, inclusive eu mesmo não deixei de notar.

Ele, certamente mais de idade, sentado em um banco, curvando-se para frente em movimentos de quem estava entregue à embriagues e adormecido. Ela, morena, mais jovem, sentava-se junto a ele. Ambos com suas vestes surradas e encardidas. Cabelos crespos endurecidos pela sujeira. Abandonados, porém, juntos. Todos olhavam aquele casal como dificilmente reparam em qualquer outro morador de rua.

Talvez pelo fato de estarem juntos. Companheiros. Duas histórias, duas vidas. Não posso saber qual era o tipo de relação entre eles, mas estavam ali, na mira daqueles olhares de quem passava. Tão diferentes do simpático casal de vizinhos que me ofereceu carona para casa dias depois... Tão diferentes dos casais de amigos que conheço, porém, na mesma condição primordial: humanos.

Na sexta, outra cena me chamou a atenção. Mais uma madrugada fria na deserta rua XV. Aqueles senhores acomodavam-se sossegadamente. Sr. Douglas, sentado junto ao Sr. Jean Carlos, recebem em seu humilde aposento, a visita de estranhos. Naqueles poucos metros de papelão espalhado pelo chão, sentados contemplando suas vidas passarem. Aproximamo-nos deles com panfletos e uma palavra amiga. Ansiávamos falar do amor de Deus àqueles homens e a conversa se estendeu. Sr. Douglas, de expressão simpática, muito bem-humorado e de um português impecável ao falar. É farmacêutico. Hoje sua profissão é a mendicância.

Logo, aproximou-se deles, Sr. Alex. Seus olhos transpareciam a carência de amor. Carregava por debaixo do casaco, um litro fechado de cachaça. Eis aí, na sarjeta, um pediatra. Ouvimos a cada um deles. Conversamos e até mesmo, cantamos junto. Oramos, abraçamos. O que me deixou marcado, foi o mesmo companheirismo. Três amigos. Três cúmplices, três parceiros. Três historias, uma amizade.

Em seguida, encontramos outros jovens como nós. Tocando e cantando para falar do mesmo amor de Deus. Uma rápida conversa e uma despedida. Uma madrugada inesquecível.

Quantas histórias e tantos porquês. Quantas pessoas com trajetórias tão distintas sob o mesmo céu. Passamos uns pelos outros. Cruzamos nossos caminhos. Transitamos por todos os lugares, mas raramente os vemos. Eles e eu, estranhos. Todos nós, transeuntes.


quinta-feira, 6 de maio de 2010

Aguarde um momento, por favor...

Apenas para compartilhar uma experiência rápida: Estava eu, na semana passada, trabalhando tranquilamente quando recebo um telefonema do banco a respeito de um problema em uma conta que já não uso mais.

A fim de resolver, foi à agencia e procurei a Srta. C, que alegando não conseguir resolver, me encaminhou a Sra. M. Ela por sua vez, me recomendou ligar para um número. O número me apresentou um menu que nao resolvia e na segunda vez que liguei encontrei a atendente, que me pediu para falar com a Sra. M. Expliquei então que estava falando com a atendente porque ao falar com Sra. M, a mesma pediu para falar com a atendente. Atendente entao verificou e pediu para falar com outro numero. O outro numero incidou um 3º número, que, por sua vez nao conseguiu resolver.

Retornei à Sra. M, expliquei que não resolvi nem com o número, muito menos com a atendente que depois me passou pra outro número, que me passou ainda outro número que não resolveu e que por isso retornei a ela (Sra. M). Ela me pediu então para aguardar enquanto falava com Srta. C (a primeira da lista). Srta.C, enfim conseguiu resolver. Essa mesma, a primeira que procurei. Aquela do outro lado da salinha da Sra. M. Isto tudo em dois dias.

Ah, esse mundo pós-moderno! ah! A era da informação...como nossa vida tornou-se prática, não?