sábado, 10 de agosto de 2013

Série Pais II – Esmeralda

Estávamos sentados no meio da rua XV de Novembro em uma noite dessas, até que veio aquele homem com seus arames na mão.

— Boa noite, que casal maravilhoso! Diga meu rei, quer dar um presentinho à ela? Qual é o nome da sua senhora?
— Desculpa moço, eu não tenho dinheiro, estou só com o cartão.
— Ah, mas não tem problema! Pode ir à farmácia comprar uma fralda para o meu neném!
— Pode ser mesmo?
— Claro! O sorriso dos meus filhos é o mais importante pra mim!

Comovidos pela frase de efeito lá fomos adquirir uma fralda para o bebezinho. Na hora em que me deparei com o preço pensei “puxa, que artesanato caro foi esse hein? Fomos ludibriados!”.

Porém, ao voltar para entregar o presente, vimos a moça com o carrinho de bebê com seu menor, e acompanhavam ele ainda, duas crianças pequenas. A mãe agradeceu e apressadamente começou a trocar o menino. Enquanto isso o pai orgulhoso apresentava seus filhos. E sobre uma em especial ele disse:

— Essa é a Esmeralda, minha jóia preciosa. Eu tenho uma história muito forte com ela. Ela nasceu com um problema grave e precisava de doação de sangue. Fiquei mal naqueles dias e me sentei em frente ao hospital, na rua bebendo e não queria comer. Disse às enfermeiras: “tirem todo o meu sangue se for preciso! Só quero que ela viva!”. Até uma das enfermeiras doou sangue à ela. Agora ela está aí...


Voltando para casa, pensei: o artesanato saiu caro, mas não foi por ele que paguei, muito menos pela fralda. Naquela noite, pagamos pela história!

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