Estávamos sentados no meio da rua XV de Novembro em uma
noite dessas, até que veio aquele homem com seus arames na mão.
— Boa noite, que casal maravilhoso! Diga meu rei, quer dar
um presentinho à ela? Qual é o nome da sua senhora?
— Desculpa moço, eu não tenho dinheiro, estou só com o
cartão.
— Ah, mas não tem problema! Pode ir à farmácia comprar uma
fralda para o meu neném!
— Pode ser mesmo?
— Claro! O sorriso dos meus filhos é o mais importante pra
mim!
Comovidos pela frase de efeito lá fomos adquirir uma fralda
para o bebezinho. Na hora em que me deparei com o preço pensei “puxa, que
artesanato caro foi esse hein? Fomos ludibriados!”.
Porém, ao voltar para entregar o presente, vimos a moça com
o carrinho de bebê com seu menor, e acompanhavam ele ainda, duas crianças
pequenas. A mãe agradeceu e apressadamente começou a trocar o menino. Enquanto
isso o pai orgulhoso apresentava seus filhos. E sobre uma em especial ele
disse:
— Essa é a Esmeralda, minha jóia preciosa. Eu tenho uma
história muito forte com ela. Ela nasceu com um problema grave e precisava de
doação de sangue. Fiquei mal naqueles dias e me sentei em frente ao hospital,
na rua bebendo e não queria comer. Disse às enfermeiras: “tirem todo o meu
sangue se for preciso! Só quero que ela viva!”. Até uma das enfermeiras doou
sangue à ela. Agora ela está aí...
Voltando para casa, pensei: o artesanato saiu caro, mas não
foi por ele que paguei, muito menos pela fralda. Naquela noite, pagamos pela
história!
Nenhum comentário:
Postar um comentário